Tuesday, August 9, 2011

Dormência continua

O lado esquerdo da minha língua continua dormente. O lábio já voltou, mas a língua, essa teimosa, parece que esqueceu da vida.
O pior é mesmo para comer, porque as vezes mordo o que não sinto. Meu medo é um dia morder tão forte que vou arrancar o pedaço.
Fora isso, tudo beleza. Os movimentos estão praticamente normais, só dá ainda um pouco de trabalho para abrir a boca. A abertura ainda não é como antes, mas está de bom tamanho.
Fotos? Ainda a caminho... Eu ainda tenho que me livrar do mau hábito de não tirar fotos minhas. Mas, dessa vez, prometo boas fotos.
Estou feliz. O rosto mudou, mas nada radical. Sinto que agora sou eu, com todo meu potencial. E, tirando esse aparelho, nada mais me segura.
Obrigada a todos pelas orações e pelas palavras de apoio e carinho. Vocês, de todas as formas, foram essenciais para minha recuperação.
E até breve!

Monday, June 6, 2011

Wow! 3 semanas

Nem acredito que hoje fazem três semanas que fiz a cirurgia. Tantas coisas aconteceram que nem percebi o tempo passar.
No domingo (15), fizemos churrasco aqui em casa e me "despedi" da carne por algum tempo. Entrei no hospital ao meio-dia do dia 16 de maio. Estava super ansiosa e nervosa, mas o Scott me garantiu que eu não ficaria sozinha. Tê-lo ao meu lado naquele momento aliviou a saudade da minha mãe.


Fui para a sala de preparação somente as 16h. Eu estava morrendo de fome, afinal havia mais de dezenove horas que eu havia me alimentado pela última vez. A infermeira veio para colocar-me no soro, depois veio outro infermeiro para me levar para a sala de cirurgia. O anestesista também me acompanhou. Entramos na sala de cirurgia, deitaram-me numa maca estreita, mas bem confortável. Colocaram meus braços em um suporte. O cirurgião ajustou seu iPod no deck. O anestesista colocou "alguma coisa" no meu soro e a última coisa que eu vi foram as enormes lâmpadas da sala de cirurgia.

Acordei indo pro quarto, mas não lembro de muita coisa, a não ser a voz do Scott com a infermeira. Quando acordei de verdade, estava com tanta dor na garganta que não podia engolir minha saliva. A dor era como a pior laringite/ faringite que já tive na vida. Dormi super mal porque toda vez que queria engolir, acordava com a dor.

No dia seguinte de manhã fui liberada para vir para casa. Meu rosto estava inchado, dores de cabeça e fome. Mas nem água eu conseguia tomar. O médico disse que eu precisava de líquidos e quando chegamos em casa, consegui beber água gelada.

Ter que me alimentar/beber com uma seringa, não era nada agradável. Meus dentes estavam completamente fechados com ligas de elásticos e não podia abrir de forma alguma. Tudo tinha que ser completamente líquido para que eu pudesse injetar na boca e o líquido passar entre os dentes. Remédios, sopas, sucos, água. E foi assim por uma semana. A vantagem foi ter emagrecido 5kg (se pode se chamar de vantagem).
Quando o médico finalmente liberou para eu comer pastosos, tudo o que eu conseguia pensar era purê de batata. Acho que nunca desejei comer alguma coisa como purê de batata. O Scott me levou para o KFC (é, aquele do frango frito) e tentei comer o purê. Na primeira tentativa, tomei um choque. Uma dor inexplicável! Mas persisti e comi um pouco mais.

Naquela noite, tinha o show do U2. Eu sabia que não poderia cantar ou dançar, mas pelo menos os veria e cantaria em minha mente. E foi um dos melhores shows que já fui. Ficamos a poucos metros do palco, nas arquibancadas. Como o palco era 360 graus, estávamos a altura dos olhos.

A recuperação tem sido progressiva, mas lenta. Sei que comparado a outras cirurgias estou indo muito bem, mas sou impaciente e não gosto de esperar. Ainda há inchaço, principalmente do lado direito. Ainda tenho alguns roxos, mas nada que maquiagem não cubra.
Agora posso tirar os elásticos três vezes por dia (para me alimentar), mas sinto dores constantes porque os dentes ainda estão apertados e não posso falar (só falo com a boca fechada). Sinto dores de ouvido e dores de cabeça por causa da pressão entre os dentes. Os tendões (lado esquerdo e direito) também doem muito e latejam sem parar. O único jeito é tomar ibuprofeno ou paracetamol (Advil e Tylenol) para aliviar as dores. Estava tomando um outro remédio mais forte, mas eu não estava me sentindo bem e decidi parar.
A aparência mudou consideravelmente, eu acho. O Scott disse que achava que eu não ficaria tão diferente, mas que ele vê notavelmente.

PS.: As fotos postadas são até a semana passada. Novas fotos nos próximos posts.

Sunday, May 15, 2011

"Amanhã será um lindo dia"

Desde que acordei tenho essa música de Guilherme Arantes em meu pensamento e espero que eu esteja certa.
A consulta com o cirurgião foi para tirar novos moldes e me explicar como será a cirurgia. Ele irá cortar parte do osso, puxar a mandíbula inferior para frente e colocar os pinos de fixação. Colocará também elásticos para me ajudar a manter a boca fechada. Poderei me alimentar através de uma seringa com líquidos.
Está quase tudo pronto para a cirurgia. Só falta eu colocar roupas e objetos pessoais em uma malinha e ir.
Entro no hospital amanhã ao meio-dia. Mas a partir de hoje, a meia-noite, não posso mais comer nem beber nada. Isso para evitar que eu tenha enjôo durante e depois da cirurgia.
Bom, gente, é isso aí. Orem por mim.
Até depois! De rosto novo...

Ps.: Ainda não tirei foto para colocar aqui, mas faço isso até amanhã.

Tuesday, May 10, 2011

Mais uma etapa cumprida

Hoje fui ao ortodontista para fazer os moldes para a cirurgia. Tiraram também radios-x, fizeram os últimos ajustes no aparelho, tiraram os elásticos e colocaram arames (para evitar a proliferação de bactérias e, consequentemente, infecção).
O Dr. Jensen e sua equipe são ótimos. Ele me disse para só tomar mesmo os remédios para dor se eu necessitar, porque eles dão dor no estômago e disse para manter a calma pois eu estava em excelentes mãos (referindo-se ao Dr. Egbert). A Barbara, da contabilidade, disse que fez a mesma cirurgia quando estava com seus 40 anos e que foi tudo tranquilo. Ela disse que o que realmente a incomodou foram os elásticos pós cirúrgicos porque ela é claustrofóbica, mas não teve muito inchaço e quase não ficou roxo na região.
Saí de lá confiante, mas ainda ansiosa. Acho que o que mais me deixa assim é não saber como vai ser comigo. Cada um tem uma reação diferente. Mas confio nos médicos que estão cuidando de mim.
Menos uma coisa na lista. Amanhã tenho consulta com o cirurgião e digo como foi.

Thursday, May 5, 2011

E por onde começo?

A primeira vez que ouvi falar em cirurgia ortognática foi aos meus 12 anos. Meu dentista recomendou que fossemos ver um ortodontista porque ele achava que eu precisaria usar aparelho. Eu tinha dois dentes inferiores que estavam mudando de lugar e por isso ele achou necessária visita ao médico.
Foi então pedida toda documentação inicial, com fotografias, raios-x, moldes e parafernálias que nem lembro mais. Voltamos quando tudo estava pronto para iniciarmos o tratamento e o ortodontista informou à minha mãe a possibilidade de cirurgia ortognática no futuro. No plano dele, faria o possível para evitar tal procedimento e informou-nos que só poderíamos mesmo pensar nesse caso depois que eu completasse 16 anos, pois era quando minha arcada dentária e ossos estariam em seus lugares definitivos.
Por três longos e doloridos anos, com aparelho quebrado inúmeras vezes e o famoso extra-bucal (mais conhecido como freio de burro - que doía tanto que nunca usei direito, devo confessar), o médico então informou que o caso era cirúrgico mesmo e pediu-me para procurar um cirurgião. Conversei com minha mãe e decidimos não procurar o cirurgião, afinal não havia nada assim tão errado com meu rosto. Na visita seguinte, pedi-lhe para retirar o aparelho.
Anos mais tarde, já com 23 anos, procurei um ortodontista novamente. A aparência facial havia mudado muito e eu já sofria de baixa auto-estima por causa do queixo. Minhas fotos de perfil eram meu maior pesadelo!
Fiz toda a documentação novamente e levei para ele ver. Como eu já sabia, precisava conversar com um cirurgião. Ele então me informou que o desvio entre os meus dentes inferiores e os superiores havia passado de 3mm para 5mm. Informou-me como era feita a cirurgia (cortariam minha mandíbula inferior e arrastariam para frente os 5mm necessários), o pós operatório (ficaria com a boca amarrada com fios de metal por duas semanas, depois passaria para os elásticos - sem poder falar por duas semanas e sem poder comer sólidos por três meses) e mostrou-me fotos de pessoas que fizeram o mesmo procedimento cirúrgico e a diferença em seus rostos. As primeiras duas partes me assustaram muito. Saí de lá horrorizada, chorei um monte porque, em minha cabeça, estava condenada a esse defeito eternamente. Não conseguia conceber a ideia de ficar sem falar ou comer por tanto tempo.
O ortodontista me informou ainda que eu precisaria usar aparelho por três anos ( um ano e meio antes da cirurgia e um ano e meio depois da cirurgia). Disse que se eu não fizesse a cirurgia teria dores de cabeça constantes, desgaste prematuro dos dentes inferiores, os músculos de meu rosto iriam ficar mais fortes de um lado que do outro... enfim, deformada. Ainda assim, decidi não fazer. Pelo menos por mais algum tempo.
Há pouco mais de um ano, quando me casei e mudei para os Estados Unidos, conversei com meu marido e decidimos que era hora de fazer essa cirurgia. Procuramos o Dr. Alan Jensen, da clínica Smile Ranch e ele nos informou os novos procedimentos para cirurgia. Agora não ficaria mais com a boca amarrada, somente usaria elásticos porque eles querem que o paciente volte a usar a mandíbula o quanto antes. Só usarei aparelho por um ano (seis meses antes e seis após a cirurgia). O Dr. Gregory Egbert de Salt Lake City será meu cirurgião.
Até a aprovação do nosso convênio para a cirurgia foram-se 8 meses. E há seis meses estou usando aparelho. A cirurgia será no próximo dia 16 de maio.
Sim, estou nervosa e ansiosa. Mas tenho esperado por esse momento há muito tempo. Sei que vai ser dolorido, vou ficar literalmente deformada por alguns dias (com o rosto inchado), mas tudo isso vai ser por um bem maior. Pelo menos não vou ter mais que sentir dores de cabeça todos os dias, minha mandíbula não vai travar mais e não vou ter meus dentes ainda mais desgastados do que já estão. Por um bem maior, mais para frente, vou enfrentar.
E foi por esta razão que decidi fazer este blog. Para contar-lhes dessa minha mais nova aventura! Curtam e orem por mim.